Da operação tapa-buraco

Não, não é fome. Não, também não é sono. Mas você há de concordar que, em algum momento da vida já sentiu um vazio dentro de si. Como se houvesse um buraco enorme dentro da sua vida e que, apesar de todos os esforços, não consegue ser preenchido.

Podemos chamar nosso vazio de "busca pela felicidade" ou "vontade de amor" e, felizmente, não é preciso entrar em desespero. Todos passam por isso e há solução. Infelizmente, nem todo mundo procura no lugar certo.

Existem aqueles que acham que o buraco pode ser tapado com as coisas mundanas, então acabam buscando os mais diversos prazeres e variados instrumentos para a operação tapa-buraco. Seguem um caminho de drogas, prazer desregrado, festas e mais festas, usando as pessoas na esperança de encontrar algum amor que preencha esse espaço que, quando vazio, dói. Por sua conta e risco, acabam apenas alargando o que deveria diminuir. 

O ponto principal é o seguinte: esse vazio não pode ser preenchido por coisas do mundo. Simples assim. Essa busca pela Felicidade, esse desejo de ser amado só pode ser preenchido pelo puro Amor, pela mais perfeita Felicidade, por aquilo que é Eterno. 

Santo Agostinho já ensinava de modo muito claro: "Fizeste-nos para Ti e inquieto está nosso coração, enquanto não repousa em Ti." Ou seja, esse vazio só pode ser preenchido por Deus. 

Então a solução é fácil, não é? Só deixar que Deus ocupe esse espaço. Mas, sinceramente, só entre nós, você consegue fazer isso? Consegue se entregar completamente, deixando que Ele trabalhe e vá ocupando o buraco? Consegue não querer controlar tudo e simplesmente confiar?

Nem eu. Nós somos muito pequenos e miseráveis para conseguir realizar tão perfeito ato. Por sorte, Nossa Senhora conseguiu e é nossa esperança. Por sorte, temos o exemplo de Maria e dos Santos. Podemos aprender com aqueles que confiaram e se entregaram.

Não é uma tarefa fácil, isso eu posso garantir. Exige desprendimento e uma confiança plena. Exige esperança e amor. Exige fé. Chega a ser uma batalha que, arrisco dizer, pode ser lutada por valentes pecadores que não desistem do caminho de Santidade. Porém é uma batalha que pode ser vencida.

Enquanto estivermos no mundo, sempre haverá a possibilidade de nos esquecermos, nos cansarmos, desistirmos. Entretanto, isso não vale a pena. Lutar a batalha dos valentes e perseverantes pecadores é acreditar que, quando chegar a hora, seremos recompensados com o mais desejado dos prêmios: o fim do nosso vazio. Será o lindo dia em que Deus preencherá esse espaço e nós, apesar das nossas misérias, poderemos dizer "Senhor, eu não mereço, mas é bom estar Contigo. Permita-me amar-Te uma vez mais". 

Porém, é preciso lembrar, é amando que se aprende a amar. Não há Deus preencher nosso buraco negro sem que deixemos que Ele se aproxime. Não poderemos amá-lo na Eternidade se, por agora, não nos dedicamos a buscá-Lo. Ele não poderá entrar em um coração que se fecha. mais uma vez, Santo Agostinho exprime com maestria "Quem me dera descansar em Ti! Quem me dera vires a meu coração, inebriá-lo a ponto de esquecer os meus males, e abraçar-Te,  meu único bem! Quem És para mim? Perdoa-me, se falo. Que sou eu a Teus olhos, para que me ordenes amar-Te e, se não o fizer, Te indignares e ameaçares com imensas desventuras? É acaso pequena desventura não Te amar?".

É acaso pequena a desventura de não amar o Amor?

Que saibamos, apesar das nossas misérias, buscar o Único que pode saciar o vazio que nos consome.

Grande abraço, 
Aline.

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