Das tristezas do fim de semestre
Fim de semestre, correria para lá e para cá, infinitas atividades e nós vamos ficando cansados, muito
cansados. Esse cansaço todo vai se apoderando de nós e vamos começando a reclamar, reclamar... Além disso, o estresse nos domina e, junto com as reclamações, exalamos mau-humor e iniciamos o processo de distribuição de patadas (xingamentos e grosserias distribuídos livremente). Muito normal, não é?
Talvez nem tanto. Pensa comigo... É normal destilarmos nossas irritações e despejarmos nossas reclamações sobre aqueles que nos cercam? Considerando que você não é o único ser humano da Terra a passar por uma rotina estressante, sua impaciência e grosseria irrestrita fazem sentido? Você vai reclamar, a outra pessoa vai reclamar, ambos vão se estressar e, no fim, só vai restar uma terrível nuvem escura de problemas que não serão resolvidos, apenas aumentados.
O que seria melhor fazer? Ouvir o que nos ensina Santa Teresinha: "O coração é meu, mas o rosto é dos que eu amo." Ou seja, qual a culpa que nossos irmãos, amigos, familiares e colegas têm das batalhas que travamos em nossos corações? Nenhuma! Eles, assim como nós, também travam suas próprias lutas e possuem suas próprias dificuldades. Se formos grossos, não estaremos sendo caridosos, muito menos seremos sinais de Cristo no mundo.
"Ah, mas isso é muito difícil!", você pode me dizer. "Eu não tenho o direito de ficar irritado? De ficar brabo?". É claro que tem, oras! Mas você não tem o direito de fazer com que os outros fiquem irritados por tua causa. E o que fazer? São Josemaria Escrivá tem uma dica no livro Caminho, ponto 663: "Para remediar a tua tristeza, pedes-me um conselho. - Vou-te dar uma receita que vem de boa mão - do Apóstolo Tiago: - "Tristatur aliquis vestrum?": Estás triste, meu filho? - "Oret!": Faz oração! - Experimenta!"
Parece um conselho muito estranho recomendar a alguém que se encontra em uma situação de estresse máximo ou de tristeza profunda que se vá rezar. Afinal, você está com uma pilha de coisas para fazer, com o psicológico bem abalado, com mais sono do que imaginava ser possível e ainda precisa arranjar um tempinho para rezar? Só pode ser loucura!
Mas não é. Comece aos poucos, depois vá aprofundando... Você verá como tudo começa a melhorar. Nós podemos derramar todas as nossas irritações, todos os nossos problemas e Deus. Ele os acolhe com alegria e, mesmo que não pareça, vai nos ajudando a carregar os fardos. Na intimidade do nosso coração, o Senhor age e vai trabalhando. Tudo o que você precisa é de confiança e paciência.
Se você não está acostumado a rezar, sei que isso vai parecer uma loucura. Afinal, como que ficar "falando sozinho" vai resolver os meus problemas? Pois eu te desafio a começar. No início, vai ser bem louco. Vai parecer que ninguém te ouve e que, no fim das contas, é uma perda de tempo. Mas, com o passar do tempo, as respostas vão surgindo, só que nem sempre através de sussurros divinos. Conforme o andar da carruagem, você vai até sentir necessidade de tirar alguns minutos pra "conversar com o nada". Sabe por quê? Porque, mesmo que inconscientemente, você sabe que não é verdade. Você está SIM falando com Alguém, e esse Alguém é o melhor ouvinte que poderia existir.
Você pode xingar (mas cuidado aí), gritar, reclamar, chorar, revirar os olhos, soltar todas as cobras e lagartos que moram em seu coração. Pode até se queixar daquele professor louco que deu muitos trabalhos (ou foi você que não se organizou?), ou expôr todo o ressentimento pelo seu chefe que nunca te entende. Pode pedir tias novas, porque não aguenta mais as suas pedindo "cadê os namoradinhos?" e deixar que Deus entenda, bem claramente, que seus pais não estão sendo bons pais, já que não te deixam fazer nada e são muito "caretas". Deus não vai revirar os olhos, interromper tuas lamentações ou dizer "Isso eu já sei, tu já me contou. Pula pra próxima.". Ele vai ouvir, ouvir e ouvir. Se preciso for, encontrará alguma forma bem criativa de responder aos teus lamentos. E você vai se sentir absoluta e imensamente amado.
Não adianta brigar, reclamar ou se estressar. E nada de transformar a vida dos outros num inferno. Nossa missão como cristãos é ser sal e luz do mundo, iluminar a vida dos que nos rodeiam com o Evangelho, com a Boa Nova. Ninguém gosta de gente com a cara amarrada, parecendo que comeu um limão. Ninguém gosta de pessoas que vivem reclamando. Se assim for, como que os outros entenderão a mensagem de Cristo? Rostos sisudos não fazem boa propaganda para coisa alguma, muito menos para o Reino dos Céus.
No fim das contas, esse estresse e essa situação toda podem ser um artifício de Deus para transformar a tua vida ou a vida de alguém ao teu redor. Lembre-se: você é um sinal luminoso, uma flecha de neon que transmite uma imagem do Céu. Se você for um reclamão chato que nunca está satisfeito, aqueles que te rodeiam vão achar que Cristo é assim também e PUF! nunca mais vão querer falar Dele.
Se precisar muuuuito soltar uma reclamação desnecessária, algo que não seja construtivo, silencie e faça uma breve oração. Mortifique sua vontade, exercite seu autodomínio. Com o passar do tempo, você verá os frutos de um sorriso constante, de palavras amáveis e de uma boca que sabe mais agradecer que reclamar. Então, terá compreendido o que dizia a beata Bárbara Maix: "Floresce lá onde Deus te colocou.".
Que Deus nos ajude, porque não é fácil.
Grande abraço,
Aline.
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