Do sapato que pode ser calçado

Quem nunca fez um teste vocacional na internet que atire o primeiro pedaço de bolo nas minhas mãos. Nos últimos tempos, de tão evoluídas que as coisas estão, até o Facebook estava oferecendo testezinhos de "Qual é a minha vocação?" para as almas indecisas. Novamente, atire mais um pedaço de bolo nas minhas mãos quem não fez um desses testes "só pra confirmar". Então, meus amigos, vamos falar sobre o tormento da maioria dos jovens católicos: a vocação.

Em primeiro lugar, precisamos entender o que é vocação. Essa palavra que chega a causar calafrios nas pessoas mais decididas vem do latim vocare, que significa chamado. E aqui temos nossa primeira resposta: a vocação é um chamado. Feito por quem? Por Deus, senhoras e senhores. Sintam a responsabilidade! 

E quem Deus está chamando? Essa é fácil. Ele chama a mim, a ti, a todos nós. Mas esse chamado envolve o quê? Essa resposta você encontra na Bíblia, em 1Pe 1, 15-16: "A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos, em todas as vossas ações, pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo". Ou seja, nossa primeira vocação é a santidade. Mas só essa vocação primeira já renderia outro texto, então vamos esperar um pouquinho e focar aqui ;)

A vocação primeira de todos nós é a santidade, que significa, na sua plenitude, ser como Deus é. Viver configurado ao coração de Deus e à Sua vontade. Essa é uma tarefa muito difícil para nós, por isso, o Pai nos concede uma vocação específica. É com essa vocação que nós conseguiremos servir a Deus e corresponder ao Seu chamado de forma plena.

Para entender melhor, vamos imaginar o seguinte: a santidade é o objetivo de uma jornada. Para que possamos caminhar melhor, recebemos um par de sapatos que protegerá nossos pés e facilitará a jornada. Existe um belo par de sapatos para cada pessoa que percorrer tal caminho e se dispuser a trilhá-lo. Porém, como em toda a grande aventura, sempre há um desafio a ser transposto: não sabemos qual é o nosso par de sapatos logo de cara.

Então você olha e vê quatro grandes grupos de sapatos: Sacerdócio, Matrimônio, Vida Religiosa e Leigos Consagrados. Em qual dos grupos está o seu sapato? É nesse momento que a maioria das pessoas entra na famosa crise vocacional. 

É um momento tenso. Todas as vocações são excelentes, todas me convidam, me chamam, não sei qual caminho seguir. "Será que Deus me quer como uma freira?", "Será que minha vocação é o matrimônio?", "Minha madrugada, será que eu devo ser padre?". São dúvidas que não acabam mais.

Mas, se você se encontra nessa situação, pode ir acalmando esse coração. Essa bagunça toda pode ser muito útil. Toda essa inquietação mostra que seu coração busca por vôos mais altos e está disposto a ir além. Se deixar que a crise tome conta, não dará nada certo. Procure transformar essas dúvidas em combustível e alimente a sua oração.

O melhor caminho para discernir a sua vocação, encontrar o seu sapato, é pedir Àquele que te criou qual a vontade Dele para a tua vida. Dobre esses joelhinhos diante do Senhor e derrame todas as suas dúvidas diante de Jesus. Busque entender o que Ele espera de ti e conte a Ele o que se passa em teu coração. Através desse diálogo, será mais fácil compreender.

Depois, não tenha medo de arriscar. A maior parte das crises vocacionais acontecem durante a juventude. Olha que maravilha! É justamente na nossa juventude que somos mais corajosos, acreditamos em ideais altíssimos e empenhamos nossa vida com toda a energia naquilo que move nossos corações. Então, que tal utilizar essa coragem de forma consciente e benéfica? Conheça as vocações, entenda o tipo de sapato que elas são, arrisque fazer essa experiência. O máximo que pode acontecer é você entender se aquele é ou não o chamado de Deus para a sua vida. Se não for, ótimo. Se for, melhor ainda.

Santa Teresinha nos dizia que "Deus não nos inspiraria sonhos irrealizáveis". Ele nos ama e fez tudo para o nosso bem! Ou seja, negar a nossa vocação é negar a bondade e o amor do Pai. É negar tudo aquilo que somos, porque foi dessa forma que Deus nos criou. Se Ele te diz que a tua vocação é o sacerdócio, renda glórias e louvores e seja muito grato. E, principalmente, não tenha medo. Vá! 

Busque o acompanhamento de um diretor espiritual, ofereça sacrifícios pela sua vocação, reze por essa intenção, estude e conheça. Empenhe-se nisso e peça que o Espírito Santo te ajude a ver qual é o seu sapato. Dessa forma, caminha será mais tranquilo. Não será através de um teste de Facebook que a resposta virá, fique esperto ;)

Infelizmente, muitas pessoas escolhem o sapato errado. Calçam 40, mas pegam um sapato de número 36 e insistem em caminhar com ele. Pode ser que cheguem ao destino, mas será muito mais penoso. Esse calçado irá apertar o pé, machucar, provocar bolhas, prejudicar toda a marcha. Durante o caminho, essa pessoa apenas irá reclamar de suas dores e incomodar o trajeto daqueles que a acompanham pela estrada. Desejarão ardentemente livrar-se do sapato e, em vez de facilitar a caminhada e ajudar na santificação, o sapato poderá ser causa de condenação, abandono do caminho, uma parada para descansar os pés que acaba sendo a finalização de uma jornada. Não foi isso que Deus quis.

Por isso, CORAGEM! Siga o exemplo dos santos, da Virgem Maria, do próprio Cristo. Corresponda ao chamado que Deus te faz com uma resposta, com a doação da tua vida. Muitos obstáculos aparecerão pelo caminho, mas é isso que faz com que a jornada valha a pena. O Céu inteiro te ajudará, pois é esse o sonho de Deus para ti. Ele quer que, ao fim da jornada, teus sapatos te levem para os portões da Santidade. 

Que Deus nos ajude!

Grande abraço,
Aline.

Comentários

  1. Parabéns Aline!! Uauuu!! Que o Espírito de Deus continue à te inspirar!!

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