Da mulher que eu quero ser

Se tem uma coisa que me cansa nessa vida é essa onda de polarização que tomou conta da sociedade. Mas pior que ela são os efeitos dela. Nesse cabo de guerra que virou a vida, quase não se encontram mais referências saudáveis a serem seguidas. 

Quer uma prova? Veja os referenciais femininos e se surpreenda. Negativamente falando. 

Um lado prega a total liberdade feminina de um jeito que chega a ser assustador. "Meu corpo, minhas regras", o tal do "empoderamento feminino"... Já vi até algumas sugerindo que homens não são necessários. O negócio é fogo mesmo. Desse modo, entre "empoderamentos", "liberdades" e "extinções masculinas", muitas mulheres são o que quiserem ser e, no fim das contas, passam a vida procurando uma felicidade que não encontram. Acabam tristes e insatisfeitas. 

Para contrapôr o que vemos acima, outros movimentos rebatem com o oposto. Desse modo, as belas virtudes da modéstia, da castidade e do pudor acabam se tornando uma caricatura puritana da verdade. Várias mulheres de saião sem saber o real motivo. Outras não namoram, não conversam, não interagem, pois têm medo de serem "livres demais" com os rapazes. Algumas, na ânsia de não serem vaidosas e caírem no erro, deturpam sua beleza de modo desleixado. Já outras, querendo demonstrar a sua feminilidade, exibem todas as curvas que possuem, exaltando seus atributos. Mesmo "do outro lado", acabam caindo em um ciclo vicioso de insatisfação e tristeza. Assim como as primeiras, buscam a felicidade nos lugares errados e vivem a vida em uma ilusão. 

Se não há consciência do que é a liberdade, do que é a felicidade realmente, saber o caminho a seguir se torna ainda mais complicado. Qual é, então, o melhor caminho? Quais referências que eu devo buscar? Em qual lado me espelhar? 

Será que a liberdade é fazer o que quero, quando quero, como quero, sem me preocupar com os outros? E será que a felicidade se resume a uma busca incansável por prazer? O que realmente importa, pelo que vale a pena viver e lutar?

Eu fico com os exemplos que deram certo. Tenho vários e me pauto por eles. O melhor de todos? A Virgem Santíssima. Os outros? Minhas amigas, as santas. 

Todas elas foram mulheres incríveis. A Virgem Maria, Santa Clara de Assis, Santa Bárbara, Santa Gianna Beretta Molla, Santa Joana Francisca de Chantal, Santas Perpétua e Felicidade, Beata Chiara Luce, Santa Teresa de Jesus e Santa Teresinha do Menino Jesus... A lista é enorme e todas elas possuem virtudes incríveis a serem destacadas. Não quero ser feminista, nem da patrulha puritana. Eu quero ser como as santas e, assim como elas, imitar Maria. 

Nenhuma das mulheres que eu citei acima foi uma mulher "sem sal" ou puritana. Muito pelo contrário. Todas viveram vidas maravilhosas e exemplares. Foram jovens, adultas, filhas, mães. Viveram em suas épocas e foram sinais para aqueles que as rodeavam. 

Foram puras, caridosas, inteligentes e corajosas. Elas encontraram a felicidade na fonte, no infinito Amor. Algumas consagraram suas vidas a Cristo e se tornaram Suas esposas, enquanto outras casaram e tiveram filhos para a maior glória de Deus. Algumas sacrificaram sua vida através do martírio, defendendo aquilo em que acreditavam, ao mesmo tempo em que outras foram acometidas por graves doenças e não desistiram, não sucumbiram e exalavam alegria apesar do sofrimento. 

Todas, sem exceção, foram referências. Todas elas ainda são exemplos luminosos em um tempo no qual as referências são turvas e confusas. 

Mas qual o sentido de tudo isso? Por que as santas? Porque elas viveram na prática o que todos sabem na teoria. Porque elas viveram a essência da felicidade plena, que é a vida em Deus. 

A mulher que eu quero ser, a mulher que eu me esforço para ser, é um espelho de Maria. Quero ser aquela que busca uma vida virtuosa, conformada com a vontade de Deus. Quero ser o que diz o versículo 19 do livro de Eclesiástico "A mulher santa e honesta é uma graça inestimável". Que elogio mais lindo e profundo!

Para isso, não é preciso que me dobre aos ventos que sopram dos dois lados, mas que firme meu coração e meus ideais na temperança que vem do Céu. Qual o meu objetivo? A santidade. Então empenharei minha vida para alcançar a meta que me foi proposta. 

Se o Céu e o destino final, já na Terra começarei a viver a viagem. Exercitarei as virtudes, buscarei o que é Eterno, me satisfarei com os pequenos sacrifícios em prol de um bem maior. Viverei a pureza interiormente e, como consequência, ela transparecerá através de minhas atitudes. Afinal, parafraseando o poeta, a santidade é o objetivo, mas também se vive ao caminhar. 

Sei que é difícil, mas contamos com a Graça de Deus e a intercessão dos santos do Céu. 
Deus nos ajude!

Abração, 
Aline.

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