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Do que aprendi com Gandalf

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É possível que você, assim como eu, já tenha vivenciado o seguinte diálogo:  - Oi, fulano! Tudo bem?  - E aí, ciclano! Tudo certo! Como anda a vida?  - Bem corrida! E aí?  - Bem corrida também.  Agora, nesse período em que fomos obrigados a ficar em casa e sossegar, porém, a corrida parou. Nossos dias, antes tão cheios de atividades, foram reduzidos à monotonia de uma rotina tranquila. Todos em casa, nos deparamos com outra realidade.  Agora temos tempo. Muito tempo. E o que faremos com ele? Como lidaremos com isso?  As respostas são as mais diversas. Alguns preenchem as horas com estudos, trabalhos, aprofundamentos. Outros, por sua vez, colocam em dia as horas de sono perdidas. Existem aqueles que consomem todos os filmes disponíveis nas plataformas, enquanto mais alguns agarram-se ao celular e à tecnologia sem a qual não podem mais viver.  Há uma corrente pregando a produtividade, a otimização do tempo e o aproveitamento daquilo que, normalmente, não te

Do medo da quarentena

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Nos últimos dias cada um de nós recebeu centenas de mensagens contendo sugestões de como ocupar-nos durante os próximos dias de quarentena. Miríades de cursos, filmes, vídeos, livros, músicas e tudo quanto possível para fazer passar melhor o tempo em casa. Mesmo assim, não são poucos os que, tão logo começam a consumir tais entretenimentos, cansam-se, pois o tempo livre é abundante demais, e parece que não existe conteúdo no mundo que possa tornar mais agradável o período de reclusão. Porque isso acontece? Longe de mim querer fazer uma análise do que ocorre com cada um ou dar uma explicação que seja válida para todos, mas, pensando no assunto, veio-me à mente um trecho de Os Pensamentos de Blaise Pascal: “Quando me pus a considerar as diversas agitações dos homens e os perigos e as penas a que se expõem na corte, na guerra, de onde nascem tantas querelas, paixões, empresas ousadas e muitas vezes más, eu disse muitas vezes que toda a infelicidade dos homens provém de uma só co

Da velocidade anormal

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Levei um susto quando percebi que eu estava fora de controle. Principalmente porque achava que nunca seria afetada por isso. Era capaz de jurar ser uma pessoa controlada, desapegada, tranquila... Até que fui confrontada pelas minhas próprias teses e teorias. Todo mundo cai do cavalo uma vez ou outra, não é mesmo? Nessa curta vida até agora, muita gente já veio até mim com a pergunta "Mas o que eu faço?" e a resposta sempre foi "Vai com calma". O segredo é esse e a teoria todos sabem. A dificuldade reside na prática. O famigerado vai com calma  não encontra espaço para acontecer nas nossas vidas.  Duvida? Faça o teste. Converse com alguém que desativou os risquinhos azuis e o visto por último do WhatsApp. Mande uma mensagem importante para a pessoa que você gosta. Eu era capaz de apostar que você vai conferir  tela do seu celular esperando a notificação da resposta. Que você checará a mensagem várias vezes para ver se Fulano-De-Tal está online e não respond

Dos novos inícios

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Já estamos na metade do mês de janeiro, mas ainda seguimos com aquele gostinho de novo ano, não é mesmo? Ainda estamos empolgados com as nossas resoluções e acreditamos que tudo vai dar certo, que 2019 será um ano lindo e que nossos planos darão certo.  Acontece que, se não nos conscientizarmos do que significa um "ano novo", toda essa empolgação ficará apenas para janeiro. Os próximos meses serão tragados pela rotina e ficaremos desanimados. Deixaremos nossas resoluções de lado e seguiremos, novamente, a corrente monótona dos dias.  Mas como faremos isso? Chesterton disse que o objetivo de um ano novo é termos uma alma nova, eis aí a verdade verdadeira para as nossas vidas. A cada ano, recebemos infinitas possibilidades para nos santificarmos e alcançarmos uma alma nova, uma alma configurada ao Senhor.  Ainda estamos em janeiro, ainda podemos reorganizar nossos planos e colocar nossos caminhos no rumo certo, o Céu. Nossa meta é a Eternidade, então devemos nos es

De como matar uma vocação

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Se você é um jovem católico daqueles que se envolvem muito com as coisas da Igreja, eu seria capaz de apostar que, em algum momento, já te fizeram essa pergunta:  "E aí, vai ser freira?" ou "Quando vai virar padre?"  Isso acontece com uma grande frequência e, dependendo de como você leva a situação, é normal. Se você é um jovem católico bem ativo, muito provavelmente já se perguntou sobre a sua vocação, chegou a uma conclusão ou ainda está em discernimento. Nada mais natural.  O processo de discernimento vocacional é um período importante na vida de um cristão e é absolutamente necessário. Afinal, a vocação é um chamado único de Deus, um chamado pessoal que precisa ser atendido e respondido com amor. Ele nos chama, primeiro, à santidade e, para que sejamos santos, nos confere uma vocação específica.  Até aí, tudo bem. Mas precisamos lembrar de uma coisa muito importante: é um chamado pessoal.   Cada pessoa possui a sua trajetória, o seu caminho

Das rosas no céu

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Não é preciso muito para saber que, por aqui, há um carinho muito grande por Santa Teresinha do Menino Jesus. Apesar disso, não é sobre essa flor do Carmelo que eu irei falar hoje. Na verdade, quero contar um fato que aconteceu há alguns dias aqui em casa.  Estava eu fazendo meus trabalhos na tranquilidade da minha casa quando, eufórico, meu pai grita: "Aline! Corre aqui! Vem ver as minhas rosas!". Saí atônita para o pátio ver o que estava acontecendo, meu pai não planta rosas. Ao chegar onde ele estava, não vi rosa alguma. Nessa hora, ele me disse "Olha pro céu". Quando ergui meus olhos, quase não acreditei. Apoiada em uma árvore alta, havia crescido e florescido uma belíssima roseira.  Percebendo minha surpresa, meu pai me explicou o que acontecera. Por várias vezes, aquela roseira tentou florescer, mas sempre era atacada por nossas galinhas e pelas formigas que circulavam por ali. O pai, percebendo aquela situação, ergueu alguns galhos para a árvore e de

Querido coração ansioso

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Querido coração ansioso,  Começo essa carta dizendo que nunca imaginei escrever algo endereçado a ti. Porém, com o passar do tempo, vi que era necessário.  É com um misto de alegria e vergonha que te digo: precisamos resolver nossos problemas juntos. Preciso que tu resolva algumas coisas para que eu possa resolver todas as outras. É hora de corrigir os erros que deixamos acontecer.  Em primeiro lugar, preciso que rompa os laços com uma velha companheira tua, a carência. Sei que ela parece nos fazer bem, mas sua presença em nossas vidas só tem nos trazido decepções. Sei que dói, mas será melhor assim. Quando ela se for, teremos espaço para que coisas verdadeiras ocupem o seu espaço, não pequenas ilusões.  Depois, feche as janelas para o mundo dos outros e foque no nosso interior. Não precisamos comparar a vida dos outros com a nossa. Faz-se necessário, entretanto, arrumar a nossa casa. Como acolheremos alguém, se tudo está bagunçado aqui dentro?  Por fim, preciso que tome seu chá de cam